Saúde mental: como o Instituto Algar tem apoiado crianças e adolescentes?
Estudos sobre a saúde mental de crianças e adolescentes mostram um cenário preocupante e indicam uma urgência em dedicar atenção a este aspecto nos jovens. Afinal, segundo dados de uma pesquisa do Datafolha, oito a cada dez brasileiros de 15 a 29 anos apresentaram recentemente algum problema de saúde mental.
A maioria desses jovens sofreu com pensamentos negativos (66%), dificuldade de concentração (58%) e crise de ansiedade (53%). Diante disso, mais da metade desse público considera a sua saúde mental como regular, ruim e péssima.
Outro dado que reforça esse cenário alarmante é em relação ao crescimento do índice de suicídios entre os mais novos. De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde e de um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a taxa de pessoas que tiraram a própria vida na faixa etária de 10 a 25 anos cresceu 6% por ano no Brasil, entre 2011 e 2022. Esse número representa quase o dobro do observado na população em geral (3,7%).
A importância de conscientizar crianças e adolescentes sobre a saúde mental
Para transformar essa realidade, falar com as crianças e adolescentes sobre saúde mental é primordial. Essa conscientização é um caminho para diminuir os fatores de risco para as doenças mentais e ainda aumentar a qualidade de vida delas, como explica a psicóloga parceira do Instituto, Gabriela Marques. “Muitas vezes, mudanças de comportamento e humor, agressividade, hiperatividade, entre outros sinais, são resultantes de problemas relacionados à saúde mental, que se não tratadas, vão interferir no desenvolvimento deles e afetar de forma negativa seus relacionamentos familiares, sociais e seu rendimento escolar. Cuidar da saúde mental é levá-los a olhar para si e compreender o que está por trás dos seus comportamentos, principalmente quando eles estão gerando sofrimento e falta de controle. Com a conscientização, eles conseguirão expressar melhor o que sentem e será possível entender como apoiá-los”, destaca a especialista.
Instituto Algar promove oficina para debater emoções
Diante da necessidade da conscientização sobre a saúde mental de crianças e adolescentes, o Instituto Algar criou a oficina ‘Meu Mundo, Minhas Emoções’ como estratégia de intervenção para promover melhora e orientação sobre o tema com atendidos nas organizações sociais parceiras.
A iniciativa faz parte do programa ‘Transforma’ do Instituto e tem como foco falar sobre as emoções, pois esse aprendizado terá impacto positivo para o bem-estar deles. “Trabalhar emoções desde cedo é fundamental, pois o reconhecimento delas irá auxiliá-los a compreendê-las, lidar melhor com as situações vivenciadas e com aquilo que sente, e ainda contribuir para uma resolução de conflitos com mais facilidade e menos sofrimento psíquico. O conhecimento das emoções é o início do processo de inteligência emocional e vai gerar habilidades para que o adolescente compreenda melhor suas ações, pensamentos e sentimentos, resultando no reforço da empatia”, explica a psicóloga que também é responsável pela condução da oficina.
Mais de 100 crianças e adolescentes, entre 12 e 14 anos, participam das atividades da oficina ‘Meu Mundo, Minhas Emoções’, em 4 organizações sociais parceiras. Com eles, são realizadas rodas de conversa, dinâmicas de grupo, brincadeiras, jogos, questionários de investigação das emoções e pensamentos, criação de estratégias de resoluções de conflitos e técnicas de respiração. As ações abordam as emoções primárias como: alegria, tristeza, raiva, medo, nojo e vergonha, e as secundárias, como: ansiedade, estima. Além disso, conflitos na adolescência e dificuldades emocionais também são debatidos.
Ao longo das atividades, os adolescentes são observados e em casos que demandam uma atenção especial, a psicóloga realiza um acolhimento individual, compartilha orientações com os responsáveis, e quando necessário, encaminha para atendimento psicoterápico.
Conscientização já demonstra resultados
Na oficina é criado um ambiente seguro e de diálogo aberto que leva o adolescente a falar mais sobre si e sua história, algo que possibilitou importantes evoluções no comportamento dos participantes, como a psicóloga responsável relata. “Notamos que eles passaram a se expressar melhor, a terem o controle de suas emoções, a capacidade de se autoperceber, refletir sobre seus comportamentos, principalmente aqueles que geram sofrimento e prejuízo aos seus relacionamentos familiares e sociais. Inclusive, tenho recebido feedbacks de responsáveis que notaram melhora de comportamento dentro de casa e na escola”, conta Gabriela.
Conheça mais sobre o Programa ‘Transforma’
A ‘Meu Mundo, Minhas Emoções’ é uma das oficinas promovidas no programa ‘Transforma’, em que o propósito é oferecer atividades gratuitas no contraturno escolar para crianças e adolescentes da rede pública de ensino, que vivem em locais de vulnerabilidade social. Para saber mais sobre a iniciativa e outras atividades realizadas, acesse aqui.